
Capítulo 3 – Duas linhas e um universo novo
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Eu juro que tentei não criar expectativas.
Disse pra mim mesma que esperaria mais um dia.
Mas o coração não soube esperar.
Naquela manhã, o ar parecia diferente.
Um silêncio cheio de significado,
como se o tempo estivesse prendendo a respiração junto comigo.
Abri a caixinha, respirei fundo e fechei os olhos.
Por um instante, desejei poder ficar ali —
no intervalo entre o antes e o depois.
E então, elas apareceram.
Duas linhas.
Tão pequenas, tão simples…
mas que carregavam o poder de reescrever a minha vida inteira.
Meu corpo congelou.
Meus olhos se encheram d’água antes que eu conseguisse entender por quê.
Era medo, sim.
Mas também era algo maior.
Uma sensação de que eu tinha acabado de dizer “sim” pra vida,
mesmo sem ter pronunciado nenhuma palavra.
Sentei na beira da cama, olhando pro chão.
A cabeça rodava entre “e agora?” e “é real”.
E o coração, esse teimoso, só sabia repetir:
“Obrigada.”
A ficha demora pra cair.
Você ainda é a mesma pessoa,
mas tudo em volta parece diferente.
As cores, os sons, o jeito como o vento toca a pele.
É como se o mundo inteiro tivesse ficado mais lento
pra que você pudesse ouvir o primeiro sussurro de uma nova vida.
Naquele instante, percebi:
não era o fim de nada.
Era o começo de tudo.
E por mais que o medo tentasse se misturar com a alegria,
eu sabia —
essas duas linhas eram o primeiro traço
do amor mais bonito que eu viveria.