
Capítulo 2 O silêncio antes do teste
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Antes das duas linhas, houve um silêncio.
Um daqueles silêncios que não assustam — apenas esperam.
Eu não sabia explicar o que estava acontecendo.
O corpo falava em sussurros:
um sono diferente, um gosto estranho, uma calma que não era costumeira.
E o coração… o coração batia fora do ritmo,
como se soubesse antes da mente o que estava por vir.
Tentei não pensar.
“Deve ser só coisa da minha cabeça”, repeti baixinho.
Mas toda vez que colocava a mão na barriga,
mesmo sem motivo, vinha uma sensação difícil de descrever.
Como se algo dentro de mim me chamasse pelo nome,
pedindo pra ser notado.
Os dias foram passando,
e eu comecei a me observar de um jeito diferente —
como quem lê um livro e percebe que a história está prestes a mudar.
Lembro de estar sozinha no quarto, à noite,
com o teste ali, sobre a cômoda.
Pequeno, simples,
mas capaz de mudar o rumo da minha vida.
Não fiz de imediato.
Fiquei olhando, respirando, ouvindo meu coração conversar comigo.
Era medo.
Mas também era esperança.
E talvez, pela primeira vez, as duas coisas estavam do mesmo lado.
Naquele silêncio antes do teste,
eu já sabia.
Sabia sem saber.
Como se o amor tivesse encontrado uma forma de avisar que estava chegando —
devagar, tímido, mas certo de que veio pra ficar.
